Teste Avalia o Sucesso. Em 1940, pesquisadores da Universidade Harvard tiveram a mesma ideia. Num estudo realizado para apontar as “características de rapazes saudáveis” a fim de ajudarem as pessoas a serem mais felizes e terem mais sucesso”, pediram a 130 universitários que se exercitassem numa esteira durante 5 minutos no máximo. A esteira foi ajustada num ângulo tão íngreme ” e numa velocidade tal que um homem médio desistiria em 4 minutos. Alguns não passavam de 1min e 30s.
O Teste da Esteira era propositalmente exaustivo. Não só do ponto de vista físico, mas também mental. A partir de medições e ajustes com base em parâmetros de aptidão física, os pesquisadores projetaram o teste da esteira de modo a avaliar ” a resistência e a força de vontade”. Os pesquisadores sabiam que uma corrida pesada como aquela não dependia apenas da capacidade aeróbica e da força muscular, mas também do quanto ” uma pessoa se esforça ou tende a desistir antes que o sofrimento se torne intenso demais.”
Décadas depois Teste Avalia o Sucesso
Décadas depois, um psiquiatra chamado George Vaillant começou a acompanhar os jovens que tinham participado daquele Teste da Esteira. Esses homens, agora sexagenários, tinham sido procurados por pesquisadores a intervalos de 2 anos desde a formatura na faculdade, e para cada um deles havia em Harvard uma pasta recheada de questionários, cartas e anotações de entrevistas minuciosas. Para cada um deles, por exemplo, os pesquisadores registravam a renda, a progressão funcional, as licenças médicas, as atividades sociais, a satisfação que declaravam em relação ao trabalho e ao casamento, as consultas a psiquiatras e a utilização de psicotrópicos, como tranquilizantes. Todas essas informações geravam estimativas do equilíbrio psicológico geral daqueles homens na vida adulta.
Verificou-se que o tempo de corrida no Teste da Esteira aos 20 anos era um indicador surpreendentemente confiável do equilíbrio psicológico na vida adulta. George Vaillant e sua equipe chegaram a pensar que o tempo na esteira refletia também a aptidão física daqueles homens na juventude e que esse dado apenas sugeria a saúde física como prognóstico do bem-estar psicológico posterior. No entanto, eles concluíram que os ajustes de acordo com valores de referência para aptidão física” tinham pouco efeito na correlação entre o tempo na esteira e a saúde mental.
Esforço
O esforço conta, e muito quando se trata de medir o quanto percorremos na maratona da vida.
“Durante quanto tempo você teria aguentado na esteira?”, perguntei a George pouco tempo atrás. Eu queria saber porque, em minha opinião, o próprio George é um exemplo de garra. No começo de sua carreira, não muito depois de terminar a residência em psiquiatria, ele descobriu os dados da pesquisa da esteira, junto com as demais informações sobre os indivíduos analisados até aquela data.
Como um bastão numa corrida de revezamento, o estudo tinha passado de uma equipe para outra, com cada vez menos interesse e energia. Até chegar a ele.
Teste Avalia o Sucesso: entrevista
George fez o estudo ganhar vida nova. Retomou contato com os homens por cartas e telefone e também entrevistou cada um pessoalmente – viajando aos quatro cantos do mundo para encontrá-los. Hoje, com mais de 80, ele sobreviveu `a maioria dos participantes do estudo original. No momento, está escrevendo seu 4º livro sobre o estudo, que hoje é a mais longa pesquisa contínua sobre desenvolvimento humano já realizada.
Sobre a minha pergunta o quanto aguentaria na esteira, George respondeu:
– Ah, eu não sou muito persistente. Quando faço palavras cruzadas no avião, sempre olho as respostas no final se fico um pouco frustrado.
Ou seja, pouca garra quando se trata de palavras cruzadas.
– E, se alguma coisa dá defeito aqui em casa, passo o problema para minha esposa, e ela resolve.
-Então o senhor não considera que tenha garra? – perguntei.
– O estudo de Harvard funciona porque venho trabalhando nele com persistência e constância. É a única coisa da qual não desvio a atenção. E isso porque o estudo me fascina. Não existe nada mais interessante do que acompanhar o desenvolvimento das pessoas.
Após uma breve pausa, George lembrou-se de quando participava de competições de salto com vara no ensino médio. Para melhorar o preparo físico, ele e os outros saltadores faziam puxadas na barra – que eles chamavam de ” queixadas” porque começavam pendurando-se na barra. Em seguida eles elevavam o corpo até o queixo, baixavam e repetiam o movimento.
– Eu conseguia fazer mais “queixadas” do que qualquer outro atleta. E não era por ser muito forte, nada disso. O segredo é que eu fazia um monte de vezes. Eu treinava.
Conselho de Wood Allen
Certa vez, quando perguntaram ao prolífico cineasta e roteirista Wood Allen qual conselho daria a jovens artistas , ele respondeu :
O que percebo é que, quando uma pessoa realmente termina de escrever uma peça ou um romance, já está bem `a frente no caminho para que a obra seja montada ou publicada. Ao contrário da imensa maioria de pessoas que me dizem que querem escrever, mas desistem logo no começo e nunca escrevem de fato a peça ou o livro.
Ou como Allen afirma de maneira mais mordaz : “80% do sucesso na vida é dar as caras.”
Fonte:
DUCKWORTH, Angela, 1970 – Garra: o poder da força e da perseverança. – 1ª edição – Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016.p.58-61.
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