Sono do jovem atleta de alto rendimento - Psicologia do Esporte - Linhares Coach

Sono do jovem atleta de alto rendimento – Psicologia do Esporte – Linhares Coach

Sono do jovem atleta de alto rendimento – O ciclo sono/vigília é um ritmo biológico. O sono não é um momento passivo do corpo, não é somente uma fase de descanso, pelo contrário, durante o sono o sistema nervoso está funcionando ativamente, novas redes neurais estão sendo formadas em função do que foi vivido durante o dia (8), por exemplo os treinamentos de um atleta.

Além disso, durante o sono, ocorrem processos metabólicos, como a secreção do hormônio do crescimento (GH), que auxilia na regeneração dos tecidos musculares (9).

A Academia Americana de Pediatria (AAP), a Sociedade de Pesquisa em Sono, a Associação Americana de Tecnologia do Sono e a Academia de Medicina do Sono recomendam o tempo de 8 a 10 horas de sono por noite para os adolescentes (13 a 18 anos).

No entanto, é importante levar em consideração não somente a duração do sono como também a qualidade de sono, que pode ser analisada pela arquitetura do sono adequada (14). A baixa qualidade de sono está ligada à fadiga, sonolência diurna e alterações do humor.

No que tange aos atletas de futebol, o sono insuficiente está relacionado à diminuição do desempenho aeróbio e anaeróbio bem como ao aumento do risco de lesão musculoesqueléticas e ao menor tempo de recuperação após o treino ou a competição (15).

Discussão

A partir dos nossos resultados foi possível observar que os atletas subestimam o seu horário de dormir e acordar nos dias de treinos/jogos.

Os atletas que participaram do nosso estudo são adolescentes entre 16 e 18 anos que estão na fase final da adolescência e apresentam estes padrões de sono tardio e encurtado pelas demandas dos horários de treino pela manhã, dormem em média aproximadamente 7 horas, menos do que é recomendado para a idade na literatura científica (24).

Para além das características simplesmente ligadas à adolescência, o sono de qualidade e duração adequados está associado a vários aspectos da prática esportiva, entre eles por exemplo, a eficiência do desempenho e a recuperação pós atividade física intensa (32).

A privação do sono tem um impacto significativo em vários sistemas fisiológicos, como o sistema cardiorrespiratório, nervoso e endócrino (33).

A extensão do sono traz benefícios no desempenho esportivo, como o sono afeta a resistência cardiorrespiratória (34-35), o desempenho neuromotor (36), o humor (37), o foco (38) e o metabolismo (39), é pertinente pensar que o desempenho esportivo será amplamente afetado pelo sono se for encurtado ou de má qualidade, além disso a má qualidade do sono tem o potencial de deixar os atletas mais suscetíveis a lesões musculoesqueléticas e até mesmo diminuir a eficácia do tratamento para recuperação de lesões (40-41).

De forma geral, estudos têm mostrado que o sono é prejudicado em atletas (43-44). O atleta adolescente tem ainda um fato adicional que esta época da vida apresenta peculiaridades no sono que o tornam de difícil adaptação a temporalidade social na qual os treinos estão inseridos. Alguns estudos têm mostrado que educar o atleta e informar a comissão técnica sobre fisiologia e regulação do sono, assim como aplicar protocolos para otimização do sono podem ser eficientes para melhorar este aspecto da vida dos atletas (44-46).

Uma medida clara que emerge do presente estudo é que o atraso na hora do início do treino permitiria que os atletas aumentassem a duração do sono.

Artigo:

UGLIELMI, V. H. .; LOPES, M. W. R.; SANTOS , E. H. R.; BRILHANTE JUNIOR, W.; GRAVA, F.; PEDRAZZOLI , M. . Sono do jovem atleta de alto rendimento: análise da comparação de uma medida objetiva e uma subjetiva para determinação do padrão de sono . Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, [S. l.], v. 36, p. e36193227, 2022. DOI: 10.11606/issn.1981-4690.2022e36193227. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rbefe/article/view/193227. Acesso em: 10 maio. 2023.

Referências:

8. Fernandes RMF. O sono normal. Med Ribeirao Preto. 2006;39(2):157.

9. Luboshitzky R. Endocrine activity during sleep. J Pediatr Endocrinol Metab. 2000;13(1):13-20.

14. Copenhaver EA, Diamond AB. The value of sleep on athletic performance, injury, and recovery in the young athlete. Pediatr Ann. 2017;46(3):e106-11.

15. Claudino JG, Gabbet TJ, De Sá Souza H, Simim M, Fowler P, De Alcantara Borba D, et al. Which parameters to use for sleep quality monitoring in team sport athletes? A systematic review and meta-analysis. BMJ Open Sport Exerc Med. 2019;5(1).

24. Pereira ÉF, Barbosa DG, Andrade RD, Claumann GS, Pelegrini A, Louzada FM. Sono e adolescência: quantas horas os adolescentes precisam dormir? J Bras Psiquiatr. 2015;64(1):40-4.

32. Chandrasekaran B, Fernandes S, Davis F. Science of sleep and sports performance – a scoping review. Sci Sports. 2020;35(1):3-11.

33. Mougin F, Davenne D, Simon-Rigaud ML, Renaud A, Garnier A, Magnin P. Disturbance of sports performance after partial sleep deprivation. C R Seances Soc Biol Fil. 1989;183(5):461-466. Disponível em: http://europepmc.org/ abstract/MED/2534746.

36. Boonstra TW, Stins JF, Daffertshofer A, Beek PJ. Effects of sleep deprivation on neural functioning: an integrative review. Cell Mol Life Sci. 2007;64(7-8):934-46.

37. Konjarski M, Murray G, Lee VV, Jackson ML. Reciprocal relationships between daily sleep and mood: a systematic review of naturalistic prospective studies. Sleep Med Rev. 2018;42:47-58.

38. Killgore WDS. Effects of sleep deprivation on cognition [internet]. Prog Brain Res. 2010;185:105-129. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-444-53702-7.00007-5.

39. Copinschi G, Leproult R, Spiegel K. The important role of sleep in metabolism. How Gut Brain Control Metab. 2014;42:59-72.

40. Silva A, Narciso FV, Soalheiro I, Viegas F, Freitas LSN, Lima A, et al. Poor sleep quality’s association with soccer injuries: preliminary data. Int J Sports Physiol Perform. 2020;671-6.

41. Sousa LNF, Silva FR, Andrade HA, Guerreiro RC, Paulo FV, Mello MT, et al. Sleep debt induces skeletal muscle injuries in athletes: a promising hypothesis. Med Hypotheses [internet]. 2020;142:109836. Disponível em: https://doi. org/10.1016/j.mehy.2020.109836.

43. Leeder J, Glaister M, Pizzoferro K, Dawson J, Pedlar C. Sleep duration and quality in elite athletes measured using wristwatch actigraphy. J Sports Sci. 2012;30(6):541-5.

44. O’Donnell S, Driller MW. Sleep-hygiene education improves sleep indices in elite female athletes. Int J Exerc Sci. 10(4):522-30. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28674597/.

46.Van Ryswyk E, Weeks R, Bandick L, O’Keefe M, Vakulin A, Catcheside P, et al. A novel sleep optimisation programme to improve athletes’ well-being and performance. Eur J Sport Sci. 2017;17(2):144-151.

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