Conforme Rubio (2007), a figura do técnico/professor é mais um elemento que pode determinar a adesão ou o abandono da prática esportiva. Atributos como capacidade de motivação, bom nível de habilidade social e de comunicação, associados ao conhecimento específico, são condições facilitadoras na relação entre professor e aluno.
Já Singer (1993), explana que os objetivos do treinador alinhados à expectativa formada pelo atleta são essenciais para um melhor desempenho do atleta em seu esporte, pois este mobilizará todas as suas energias para realizar o que for necessário.
Segundo Machado e Moreno (2004), é somente quando o técnico ganha o reconhecimento dos atletas, que estes “podem ser induzidos a executar um trabalho e suportar as renúncias de que depende um treinamento esportivo”, pois a imagem interna do jovem atleta frente à figura do seu técnico é forte e deve ser levada em conta.
Pois para Weinberg e Gould (2017), os atletas que recebem mais feedbacks positivos e instrutivos dos técnicos, apreciarão mais a vivência dos treinos e a experiência competitiva, apresentando, dessa forma, melhoras no seu desempenho.
De acordo com Silva (2010), os técnicos desempenham um papel de muita relevância no desenvolvimento da coesão de um grupo. Ao criar um ambiente em que todos possam expressar pensamentos e sentimentos, por exemplo, evitam o desencadeamento de problemas em potencial. Os autores ressaltam ainda que o esclarecer as metas de forma clara, o técnico ajuda no rendimento individual do atleta e também do grupo. Em suas pesquisas com atletas e treinadores, Folle (2017), evidenciou que as relações interpessoais são percebidas como fundamentais para o sucesso no desenvolvimento de talentos esportivos.
Para Franco (2000), o desempenho do técnico quase sempre está relacionado à performance da equipe, tornando imprescindível o equilíbrio e controle emocional na relação entre ambos. É importante lembrar que o técnico desempenha vários papéis, como de administrador, amigo, planejador, professor e conselheiro. Além disso, é fundamental que ele saiba dar oportunidades iguais a todos para, assim, permitir que tenham as mesmas possibilidades de mostrar sua capacidade.
Vimos que o técnico, entre todos os envolvidos no meio esportivo, é quem acaba ficando mais tempo com o atleta. Ele ouve, estimula e desafia o atleta a todo momento, estabelecendo uma relação intensa e necessária para que se possa chegar mais perto dos resultados esperados. Entretanto, se essa relação estiver desconexa, pode haver desarmonia entre outros componentes tão necessários para que o atleta tenha uma vida saudável e equilibrada, como boa relação com a família, alimentação balanceada, lazer, relacionamentos sociais e amorosos, etc.
Enfim, podemos dizer que o técnico deve ser um parceiro para analisar de forma criteriosa quando, como e em qual dosagem cada um desses componentes deve estar presente no cotidiano do atleta, sem interferir em seus principais objetivos.
Fonte:
FOLLE, A; NASCIMENTO, J.V.; GUIMARÃES, J.R.S.; NASCIMENTO. R.K.; MARINHO, A.; FARIAS, G.O. Elementos do microssistema esportivo: estudo em contexto de desenvolvimento de atletas de basquetebol. Revista Brasileira da Ciência e Movimento, p. 106-124, 2017.
FRANCO, S. G. Psicologia do esporte e na atividade física: Uma coletânea sobre a prática com qualidade. São Paulo: Manole, 2000.
MACHADO, A. A.; MORENO, B. S. O simbolismo inconsciente de jovens atletas frente à figura do técnico esportivo. Movimento & Percepção. Espírito Santo de Pinhal: [s.n.; S.d.]. v. 4, n. 4/5, 2004.
RUBIO, K. Ética e compromisso social na Psicologia do Esporte. Psicologia Ciência e Profissão, 2007. p. 60-69.
SILVA, R. S.; SILVA, I. da; S., SILVA, R. A. da; SOUZA, L.; TOMASI, E. Atividade física e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, 2010. Disponível em: <https://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232010000100017>. Acesso em: 17 out. 2019.
SINGER, R. (1993). Sport Psychology: an integrated approach. In. Serpa, S.; Alves, J.; Ferreira, V. e Brito, A. Proceedings of the 8th world congress in sport psychology Lisboa: SPPD – FMH, [S.d.]. p. 131-146.