Quem vence? Dormir ou Ficar Acordado – Analisamos dois grupos de jovens adultos saudáveis.
• Um grupo permaneceu acordado a noite toda, monitorado com supervisão total em meu laboratório;
• Ao passo que o outro dormiu normalmente aquela noite.
Durante as sessões de escaneamento do cérebro realizadas no dia seguinte, foram mostradas aos integrantes de ambos os grupos as mesmas cem imagens que variavam de neutras em conteúdo emocional (por exemplo, uma cesta e um pedaço de madeira boiando) a emocionalmente negativas (por exemplo, uma casa pegando fogo e uma cobra venenosa prestes a dar o bote).
Com esse gradiente emocional de imagens, conseguimos comparar o aumento na resposta cerebral aos gatilhos emocionais cada vez mais negativos.
A análise dos escâneres cerebrais revelou os maiores efeitos medidos em minhas pesquisas até hoje.
Uma estrutura situada nos lados esquerdo e direito do cérebro chamada amídala – um importante centro de atividades que desencadeia emoções fortes como raiva e fúria, ligado à resposta de luta ou fuga – mostrou uma amplificação de bem mais de 60% na reatividade emocional nos participantes que estavam privados de sono.
Em contraposição, os escâneres cerebrais dos participantes a quem fora dada uma noite inteira de sono revelaram um grau controlado, modesto, de reatividade na amídala, apesar de eles terem visto as mesmas imagens. Era como se, sem sono, o cérebro retornasse a um padrão primitivo de reatividade descontrolada. Nesse estado, produzimos reações emocionais desmedidas e inapropriadas e somos incapazes de situar os eventos em um contexto mais amplo ou ponderado.
Estudos recentes realizados por uma equipe de pesquisa no Japão reproduziram essas descobertas, porém eles o fizeram restringindo o sono dos participantes a cinco horas por cinco noites.
Não importa como se priva o cérebro de sono – de maneira aguda, ao longo de uma noite toda, ou cronicamente, dormindo por poucas horas ao longo de um punhado de noites -, as consequências cerebrais emocionais são as mesmas.
Fonte:
Walker, Matthew. Por que nós dormimos: A nova ciência do sono e do sonho / Matthew Walker; tradução Maria Luiza X. de A. Borges. 1. ed. – Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018. pág.164 e 165.