O Treinador e o Atleta – Acredita-se que a principal e única tarefa do treinador esportivo é melhorar as habilidades físicas, técnicas e táticas dos atletas e que os treinamentos são a base que lhes permitirá alcançar a excelência na prática desportiva. Mas, além destas tarefas, o treinador tem a função de liderar seus atletas para que tenham um bom desempenho mesmo diante do cansaço, da pressão, dos adversários e dos diferentes aspectos da competição, torcedores, imprensa e dirigentes (BRANDÃO, 2003).
Os processos de liderança utilizados por treinadores esportivos precisam ser frequentemente avaliados e aprimorados, acompanhando as constantes transformações e demandas da sua equipe ao longo dos treinos e competições.
Além disso, para potencializar sua liderança perante a equipe, é necessário o conhecimento do perfil psicológico e comportamental de seus atletas, a fim de traçar a melhor estratégia para liderar sua equipe (SIMÕES et al., 2006).
Outras variáveis que também precisam ser observadas pelo líder estão relacionadas a fatores situacionais, tais como o “tamanho do grupo” (grupo maiores toleram melhor um estilo mais autocrático), bem como a “pressão de tempo”, induzem a um comportamento diretivo do líder.
O “nível de maturidade” do grupo também determina, muitas vezes, o estilo mais adequado no qual um comportamento mais democrático é possibilitado pelo alto nível de maturidade de equipe (NOCE, 2002).
As estratégias de liderança devem focar características como a capacidade em influenciar e tomar decisões, motivar e engajar a equipe em objetivos comuns, estimular o uso de feedback, propor e executar treinos bem elaborados e explicados para os atletas, a boa comunicação e o espírito de participação ativa de todos os componentes (VALLE et al., 2008).
O relacionamento entre o treinador e os atletas é fundamental para exercer a liderança. O técnico, além de comandar a equipe, desempenha um papel exemplar para seus atletas e, muitas vezes, além de questões técnicas, precisa acompanhar assuntos particulares de cada membro como forma de ajudá-lo e até mesmo protegê-lo (VALLE et al., 2008; SIMÕES et al., 2006).
É importante o líder possibilitar um ambiente positivo, no qual os atletas possam expressar seus sentimentos e pensamentos, permitindo ainda, o aprimoramento do trabalho em conjunto e o comprometimento com suas metas. Esta dinâmica melhora as relações interpessoais à medida que permite aos membros da equipe serem mais abertos uns com os outros (WEINBERG; GOULD, 2017).
Treinadores que demonstram maior sensibilidade passam a serem vistos como líderes que compreendem os problemas e as dificuldades relacionadas ao sucesso dos seus liderados (SIMÕES et al., 2006).
Fonte:
BRANDÃO, Maria Regina Ferreira. O papel do treinador como motivador do treinamento desportivo. Motriz: revista de Educação Física, Rio Claro, v.9, n.1, 2003.
NOCE, Franco. Liderança. In: SAMULSKI, Dietmar Martin. Psicologia do esporte: Manual para a Educação Física, Psicologia e Fisioterapia. São Paulo: Manole, 2002.
SIMÕES, Antonio Carlos; CONCEIÇÃO, Paulo Felix Marcelino; CÂMARA NERI,Maria Aparecida; AZEVEDO JUNIOR, Luiz Carlos Delphino. Dinâmica e intervenção psicológica em uma equipe de voleibol masculina. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v.20, n.3, p.195-207, jul./set. 2006.
VALLE, Márcia Pilla, FAGGIANI, Fernanda; FOGAÇA, Janaína Lima; PIRES, Luíza Puricelli. Duelo de titãs: considerações acerca da coesão grupal e liderança. Rev. bras. psicol. esporte, São Paulo , v. 2, n. 2, p. 1-19, dez. 2008.