O paradoxo do perfeccionismo - Psicologia esportiva - Linhares Coach

O paradoxo do perfeccionismo – Psicologia esportiva – Linhares Coach

O PARADOXO DO PERFECCIONISMO – O perfeccionismo foi a característica da personalidade mais amplamente estudada na psicologia do esporte e do exercício na década passada.

Trata-se de um estilo de personalidade caracterizado pela fixação de padrões de desempenho extremamente elevados, pela luta de atuar sem falhas e por uma tendência de ser declaradamente crítico ao avaliar o desempenho alheio (Flett e Hewitt, 2005).

Os pesquisadores distinguem o perfeccionismo auto-orientado (em que grau um indivíduo fixa padrões pessoais extremamente elevados e se avalia com rigidez em relação a eles) do perfeccionismo socialmente prescrito (o grau em que a pessoa percebe que os indivíduos que lhe são caros a associam a padrões extremamente elevados e baseiam sua aprovação no atendimento a tais padrões) e do perfeccionismo voltado a outros (o grau em que uma pessoa associa os outros a padres extremamente elevados) (Appleton, Hall e Hill, 2010, Dunn, Dunn e McDonald, 2012).

Eles também elaboraram uma medida específica para o esporte que levanta dados sobre quatro dimensões: padrões pessoais, preocupação em relação a erros, pressão parental percebida e pressão do treinador percebida (Dunn, Craft a Dunn, 2011).

A natureza multidimensional do perfeccionismo levou a alguns achados interessantes. Perfeccionismo mal-adaptativo (um foco em padrões elevados acompanhado de uma preocupação com erros e a avaliação dos outros) parece estar associado e excesso de exercícios (p.ex., Flett e Hewitt, 2005, Flett, Pole-Langdon e Hewitt, 2003), a desempenho insatisfatório (Stoeber Uphill e Hotham, 2009) e a esgotamento do atleta (Appleton, Hall e Hill, 2009).

Todavia, perfeccionismo adaptativo (foco em padrões elevados embora sem preocupação excessiva quanto a cometer erros ou a como os outros avaliam o próprio desempenho) parece estar associado a uma melhor aprendizagem e desempenho (Stoeber et al., 2009) e a padrões de metas mais adaptados (p. ex., Stoll, Lau Stoeber, 2008).

Portanto, dependendo dos componentes específicos a caracterizar a personalidade perfeccionista de alguém, o perfeccionismo pode levar a consequências altamente positivas ou extremamente negativas.

 

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Outros achados interessantes oriundos da literatura sobre o perfeccionismo no esporte incluem:

• Padrões perfeccionistas não prejudicam automaticamente o desempenho, e com o loco na meta certa podem levar a um desempenho excelente.

•Padrões perfeccionistas debilitam-se quando há necessidade de seu alcance para uma autovalidação.

• O perfeccionismo pode ser especialmente negativo em momentos de fracasso.

• Perfeccionistas exagerados, com orientação para o ego e baixas percepções de capacidade, terão efeitos debilitantes, níveis altos de estresse, problemas motivacionais e esgotamento. Perfeccionistas correm alto risco quando apresentam habilidades insatisfatórias de enfrentamento

• Alguns tipos de perfeccionismo predispõem as pessoas a um envolvimento com determinados processos de pensamento e comportamento que influenciam o exercício.

• Demandas perfeccionistas emanam do interior dos próprios indivíduos ou de outras pessoas

• Há uma relação entre os níveis de perfeccionismo de uma criança e os níveis de perfeccionismo dos pais. Crianças cujos pais modelam seu próprio perfeccionismo ou dão aprovação condicional às tentativas de realização dos filhos têm mais propensão a apresentar tendências perfeccionistas

• O perfeccionismo adaptativo tem relação com motivação para a abordagem, ao passo que o perfeccionismo mal-adaptativo tem relação com motivação para a esquiva.

De uma perspectiva aplicada, os pesquisadores sugerem ser importante aos que trabalham no esporte ajudarem atlas e praticantes de exercícios a distinguirem o compromisso saudável com elevados padrões de desempenho e as tentativas não saudáveis (p.ex., reações negativas a imperfeições, medo do fracasso) associadas a perfeccionismo mal-adaptado.

Isso exige que o atleta não associe explicitamente sua autovalorização ao desempenho e reduza qualquer sentimento irracional de importância dada ao desempenho (Hill, Hall e Appleton, 2010).

Finalmente, quando as pessoas se caracterizam por perfeccionismo exagerado a consulta a um psicólogo do esporte pode ser recomendável.

Fonte:

Weinberg, Robert; Gould, Daniel. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. 6. Ed. Porto Alegre: ARTMED, 2017. pág. 30

Thiago Linhares

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