A base do atleta – No contexto do futebol competitivo, aspectos relacionados à sua prática exigem dos profissionais um excelente nível de desempenho, tanto no âmbito físico, técnico, tático e também emocional, requerendo dos mesmos a superação dos obstáculos como lesões, distância de familiares em prol de competições, treinamento excessivo, problemas pessoais, exposição midiática demasiada, cobrança da torcida, patrocinadores e dirigentes (NASCIMENTO et al, 2010).
Os atletas tendem a estabelecer altos padrões a serem atingidos e desenvolvem características perfeccionistas que podem ser úteis em algumas situações, mas que se tornam prejudiciais quando combinadas com a autocrítica excessiva ou foco no resultado (TARANIS e MEYER, 2010).
A pressão para o sucesso aliada à forma como os atletas interpretam suas falhas e erros no desempenho esportivo são fatores que podem gerar aumento da sua ansiedade (HORIKAWA, YAGI, 2012) e até depressão (NIXDORF et al, 2016).
Neste aspecto, é importante atentar-se para a relação entre a ocorrência de lesões e aspectos psicológicos comuns entre os jogadores. Um estudo realizado com 22 jogadores avaliados ao longo de 16 semanas de jogos através da aplicação de questionários, evidenciou que o estresse agudo contribuiu para risco de lesão (LAUX et al, 2015).
Em outro estudo realizado com 594 jogadores, foi demonstrado que lesões musculoesqueléticas graves, durante uma carreira no futebol, correlacionam-se positivamente com o sofrimento, ansiedade e distúrbios do sono (GOUTTERBAGE et al, 2015a).
Uma pesquisa também indicou uma predição que sustenta a hipótese de que jogadores de futebol profissional que sofreram lesões musculoesqueléticas severas tendem a desenvolver sintomas subsequentes de transtornos mentais comuns (KILIÇ et al, 2018).
Por fim, um estudo sugeriu que a probabilidade de lesão é principalmente influenciada por comportamentos impulsivos e pelos altos escores em uma escala de ansiedade (MADZAR et al, 2017).
Nota-se, portanto, uma relação íntima entre estado de saúde mental e a ocorrência de lesões, tanto como causa, quanto como consequência
Artigo referência:
Xavier, Ivo Soares; et al. Estados de humor, percepção subjetiva do estresse e recuperação e condicionamento físico da Seleção Brasileira Militar de Futebol no início da temporada de 2015.Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, Brasília, v. 8, n° 1, maio 2018. Acesso em: https://doi.org/10.31501/rbpe.v8i1. Acesso em 04 de maio de 2023.
Fontes:
DO NASCIMENTO JUNIOR, José Roberto Andrade et al. Análise do estresse psicológico pré-competitivo e estratégias de coping de jovens atletas de futebol de campo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 18, n. 4, p. 45-53, 2010.
GOUTTEBARGE, Vincent et al. Symptoms of common mental disorders in professional football (soccer) across five European countries. Journal of sports science & medicine, v. 14, n. 4, p. 811, 2015a.
HORIKAWA, Masami; YAGI, Akihiro. The relationships among trait anxiety, state anxiety and the goal performance of penalty shoot-out by university soccer players. PloS one, v. 7, n. 4, p. e35727, 2012.
LAUX, Philipp et al. Recovery–stress balance and injury risk in professional football players: a prospective study. Journal of sports sciences, v. 33, n. 20, p. 2140-2148, 2015.
MADŽAR, Tomislav et al. Psychological aspects of sports injuries among male professional soccer players in Croatia. Kinesiology: International journal of fundamental and applied kinesiology, v. 49, n. 1, p. 84-91, 2017.
NIXDORF, Insa; FRANK, Raphael; BECKMANN, Jürgen. Comparison of athletes’ proneness to depressive symptoms in individual and team sports: Research on psychological mediators in junior elite athletes. Frontiers in psychology, v. 7, p. 893, 2016.
TARANIS, Lorin; MEYER, Caroline. Perfectionism and compulsive exercise among female exercisers: High personal standards or self-criticism?. Personality and Individual Differences, v. 49, n. 1, p. 3-7, 2010