Remédios para dormir e Câncer | Estudos anteriores insinuam a existência de uma relação entre os medicamentos para dormir e o risco de mortalidade por câncer, porém não eram tão bem controlados no que se refere às comparações.
O estudo de Kripke fez um trabalho muito melhor nesse aspecto e incluiu o mais novo e relevante remédio para dormir, o Ambien.
Constatou-se que os indivíduos que faziam uso de medicamentos para dormir eram 30% a 40% mais propensos a desenvolver câncer durante o período de dois anos e meio da pesquisa do que os que não faziam.
Os medicamentos mais antigos, como o temazepam (Restoril), apresentaram uma associação mais forte, com os participantes que tomavam doses leves ou moderadas sofrendo um risco de câncer 60% maior.
Os que tomavam a dose mais elevada de zolpidem (Ambien) também eram vulneráveis, apresentando uma probabilidade quase 30% maior de desenvolver a doença no período do estudo.
Curiosamente, os experimentos realizados com animais conduzidos pelas companhias farmacêuticas insinuam que há o mesmo risco carcinogênico.
Embora os dados fornecidos por elas e disponíveis no site da FDA sejam um tanto obscuros, parece que taxas mais altas de câncer em ratos e camundongos podem ter sido causadas pelo uso desses comprimidos para dormi comuns.
Podemos então dizer que essas descobertas provam que os remédios para dormir causam câncer?
Não. Ao menos não sozinhos.
Talvez a conclusão mais conservadora e menos litigiosa a que podemos chegar sobre todos esses indícios é a de que nenhum estudo até hoje mostrou que os comprimidos para dormir salvam vidas – afinal, não é esse o objetivo da medicina e dos tratamentos medicamentosos?
Fonte:
Walker, Matthew. Por que nós dormimos : A nova ciência do sono e do sonho / Matthew Walker; tradução Maria Luiza X. de A. Borges. 1. ed. – Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018. pág.310 e 311.